Jogo Cartográfico OP

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Jogo Cartográfico OP

Manual do jogo sobre o Orçamento Participativo em Belo Horizonte nos territórios: Vila Senhor dos Passos, Vila Primeiro de Maio e favela Pedreira Prado Lopes

Grupo de Pesquisa Indisciplinar, março de 2020

1. INTRODUÇÃO

O jogo sobre o Orçamento Participativo aqui exposto foi desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Indisciplinar[1] e por alunos[2] da disciplina Cartografia do Orçamento Participativo em Belo Horizonte, ministrada na Escola de Arquitetura da UFMG no segundo semestre de 2019 por meio da pesquisa Cartografia da Percepção Popular do Orçamento Participativo em Belo Horizonte[3] vinculada ao projeto de extensão Geopolítica e Cidades[4] do Programa IndLab. Essa atividade foi embasada pelo Método Cartográfico Indisciplinar[5], o qual utiliza dispositivos como o jogo para investigar e mapear as relações de força nos territórios estudados, assim como para visibilizar informações e saberes comuns.

2. OBJETIVOS GERAIS

A intenção desse jogo é compreender e identificar informações técnicas sobre o Orçamento Participativo como indicadores, documentos oficiais, datas e atores importantes, e como as comunidades percebem as dinâmicas de participação cidadã no OP, assim como as obras realizadas em seus territórios e seus desdobramentos. Através de lideranças locais, delegados da Comissão de Acompanhamento e Fiscalização da Execução do Orçamento (COMFORÇA) e moradores das comunidades, esse dispositivo coloca essas informações de forma lúdica, colaborando no mapeamento dos dados que não aparecem em abordagens tradicionais (entrevistas, grupos focais, etc.) e na aproximação descontraída entre os participantes e pesquisadores.

3. CONSTRUÇÃO DO JOGO

Para construção do jogo em questão foi necessário levantar quais informações sobre o OP seriam necessárias identificarmos e compreendermos melhor com as lideranças, delegados da COMFORÇA e moradores locais. Dessa forma, após muitos debates em sala de aula e em reuniões da pesquisa identificamos que os principais materiais necessário para o jogo seriam:

  • maquetes das vilas para interagir com os participantes na compreensão dos territórios e identificar os locais dos eventos mencionados;
  • cartas com identificações de obras, atores, narrativas e outros eventos sobre os OPs;
  • linha do tempo com os principais eventos ocorridos durante os OPs a ser completada ao longo da dinâmica;
  • sinetas para cada equipe se manifestar para responder à carta selecionada pelo condutor do jogo;
  • cronômetro para marcar a fala de minuto em cada carta selecionada.

4. MANUAL DO JOGO

4.1 Descrição

O jogo “Orçamento Participativo em Belo Horizonte nos territórios: Vila Senhor dos Passos, Vila Primeiro de Maio e favela Pedreira Prado Lopes” é uma dinâmica sobre o Orçamento Participativo e a percepção popular sobre o mesmo nos territórios de estudo aos moldes de um jogo de auditório.

4.2 Público alvo

Indicado para pessoas acima de 18 anos que tiveram ou têm contato com as políticas do Orçamento Participativo em Belo Horizonte, sejam: (i) moradores com histórico de participação nos OPs (delegados, membros da COMFORÇA etc.); (ii) lideranças comunitárias; (iii) pessoas que morem em ou próximas a obras dos OPs (moradores dos conjuntos habitacionais construídos por meio dos OPs ou pessoas que vivam nos arredores de outras obras como praças, escolas,obras viárias etc.); (iv) pessoas que tenham sido removidas de suas casas por causa de obras dos OPs; (v) e lideranças da juventude (acima de 18 anos).

4.3 Composição:

  1. Uma maquete na escala 1:1000 [a]do território em questão;
  2. Para fixar na maquete: plaquinhas com imagens de obras e locais importantes; alfinetes e post-its para anotações rápidas de informações que surjam ao longo das rodadas;
  3. Cartas de nós: com faixas nas cores laranja, amarelo e azul identificando, respectivamente, eventos, atores-humanos e não humanos;
  4. Cartas de conexões: em rosa tal, rosa tal, amarelo, roxo, três tons diferentes de azul tal, azul tal, azul tal vermelho, verde, referente, respectivamente, aos indicadores do Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte (IQVU-BH): abastecimento, cultura, educação, esportes, habitação, infraestrutura urbana, meio ambiente, saúde, serviços urbanos e segurança urbana[b];
  5. Linha do tempo do território completa parcialmente com os principais eventos sobre o OP no local;
  6. Post-its laranja, rosa, verde e azul para serem preenchidos ao longo do jogo de acordo com eventos, narrativas, atores humanos e não- humanos, respectivamente, e colados na linha do tempo;
  7. Duas ou três sinetas: uma para cada equipe se manifestar;
  8. Um cronômetro para calcular o tempo de um minuto para a fala das equipes;

 

Cartas de nós. Autoria própria.
Cartas de conexões. Autoria própria.
Linha do tempo inicialmente preenchida. Autoria própria.
Maquete com plaquinhas e post-its. Autoria própria.
Cronômetro e sinetas. Autoria própria

 4.4 Organização

Divide-se de duas a três equipes com o mesmo número de integrantes cada uma tendo um coordenador. As cartas dos nós e conexões devem estar embaralhadas em cima da mesa do jogo e próximas mediador e às sinetas.

4.5 Objetivo

O objetivo é aparecer as informações às quais se desejam mapear e coletar o maior número de relatos da população sobre o impacto das obras e processos dos OPs no seu território de uma forma lúdica e descontraída. Para isso, quanto mais vezes uma equipe tocar a sineta para responder às cartas, seja na jogada inicial ou na réplica ou tréplica, mais pontos ganha.

4.6 Como jogar:

  1. as pessoas dividem-se em duas ou três equipes;
  2. o mediador tira uma carta e apresenta aos jogadores (nós ou conexão);
  3. a equipe que souber relatar uma narrativa sobre o conteúdo da carta retirada deve bater a sineta e terá 1min para fazer sua fala, tentando indicar as informações na maquete (os locais no território em que aquela narrativa acontece);
  4. se o grupo adversário souber replicar a fala do grupo anterior (seja com outras informações, impressões de antes e depois do local, etc) deve apertar a sineta para responder e assim por diante. Se primeiro conseguir responder à última fala terá direito à tréplica. O último grupo a responder terá ponto na rodada;
  5. um membro da equipe de pesquisa fica responsável por indicar na linha do tempo os eventos, narrativas e atores que forem surgindo;
  6. ao final do jogo ganha a equipe que tiver marcado mais pontos.

 

[1] Equipe da pesquisa Cartografia da Percepção Popular do Orçamento Participativo em Belo Horizonte em 2019: Profa. Dra. Natacha Rena (EA/UFMG), Profa. Dra. Gisela Barcellos (EA/UFMG), Profa. Ana Isabel de Sá (IFMG / Doutoranda NPGAU/UFMG), Maíra Ramirez (doutoranda PACPS/UFMG), Michele Brito (doutoranda DCC/UFMG), Gabriela Bitencourt (mestranda PACPS/UFMG)Henrique Porto (graduando EA/UFMG), Susan Oliveira (graduanda EA/UFMG), Anderson Chagas (graduando EA/UFMG) e Jéssica Borges (graduanda EA/UFMG).

[2] Alunos da Escola de Arquitetura da UFMG na disciplina Cartografia do Orçamento Participativo em Belo Horizonte no segundo semestre de 2019: Ana Urbano Silva Borges, Fernando Martins Leite Junior, Faustine Zélia Louisa Horgnies, Henrique Dias Porto, Joyce Noraynne Das Chagas Lemos, Luiza De Souza Santos, Ana Luísa Schoenell, Anderson De Souza Quintella Chagas, Jessica Dayane De Abreu Borges, Marcela Mariana Silva Dias, Matheus Silva Coelho e Susan Natalí Oliveira Lecuona.

[3] Mais informações sobre a pesquisa disponível na fanpage: <https://www.facebook.com/Cartografia-do-Or%C3%A7amento-Participativo-em-Belo-Horizonte-100523074625554/>. Acesso em 28 de março de 2020.

[4] Para mais informações acessar a Wiki do projeto e sua fanpage disponíveis em: <http://wiki.indisciplinar.com/index.php?title=Projeto_Geopol%C3%ADtica_e_Cidades> e <https://www.facebook.com/Geopol%C3%ADtica-e-Cidades-188051388470360/>. Acesso em 28 de março de 2020.

[5] Artigo sobre o Método Cartográfico Indisciplinar na Revista Vírus n.19, disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus19/?sec=4&item=6&lang=pt&fbclid=IwAR0-LLkpLx9iVRAuuddq8k9hW6cOAlKx5JAAQYn68OagyIJfC6Z2cyYPlNU>. Acesso em 28 de março de 2020