A multidão na cidade: insurgências, participação e soberania popular

Henrique Dias Porto

A multidão na cidade: insurgências, participação e soberania popular

 

Os esforços, no âmbito do pensamento sobre as cidades, para a constituição de uma política urbana capaz de incorporar perspectivas imanentes aos territórios abordados, em detrimento de uma abordagem centralizadora e tecnocrática, nutrem uma forte conexão com o pensamento filosófico pós-estruturalista. Uma série de conceitos emergentes a partir de autores como Foucault, Deleuze e Guattari, a partir da segunda metade do século XX, têm grande incidência nas nascentes formas de se compreender a cidade a partir deste período, da mesma forma que a política urbana serve como meio de experimentação para vários destes autores. Nesse sentido, a ideia de multidão, conforme proposta por Hardt e Negri (2012, 2014), traz uma perspectiva fortemente urbana, que considera a cidade (e, sobretudo, a metrópole) como espaço privilegiado para se apreender e transformar as dinâmicas econômicas, políticas, culturais e estéticas contemporâneas. Esta influência mútua entre pensamento pós-estruturalista e pensamento sobre as cidades parece se desenvolver de uma maneira particularmente interessante no Brasil, na medida em que, a partir da década de 1980, o país passa a representar um espaço de intensas invenções culturais, políticas, ontológicas e, também, urbanísticas. Assim, as experiências brasileiras de busca pela incidência da vontade popular sobre os assuntos do Estado e, mais especificamente, sobre a política urbana são fortemente atravessadas por um debate filosófico entre a prevalência da ação estatal e do desenvolvimento; e uma perspectiva da autonomia e da afirmação da diferença. Portanto, tendo como base reflexões de ordem urbanística, filosófica e estética, este trabalho se propõe a investigar esta mediação entre planejamento e autonomia, entre desenvolvimento e diferença na política urbana, tendo como foco as experiências do Orçamento Participativo de Belo Horizonte, e as “insurgências multitudinárias” do ciclo de Junho de 2013 na cidade e no Brasil como um todo.

 

Leia o TCC de Henrique Dias Porto na íntegra:

 

https://opbh.cartografia.org/wp-content/uploads/2022/03/TCC-Henrique-Porto.pdf

 

Leia também…